quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

MELHORA DA FUNCÃO MOTORA EM PACIENTES PORTADORES DE SEQÜELAS CRÔNICAS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL APÓS TRATAMENTO POR ACUPUNTURA ELETROMAGNÉTICA HAI-HUA



A. P. R. de Oliveira¹, F. L. B. de Araujo² e J. E. de Araujo*3
1 Fisioterapeuta, Residentes em Fisioterapia Neuro-Funcional - UNIFRAN
2 Fisioterapeuta Acupunturista, Docente e Preceptora da Residência em Fisioterapia Pediátrica - UNIFRAN e Docente do Curso de Especialização em Acupuntura do Instituto Paulista de Estudos Sistêmicos - IPES
3
Fisioterapeuta Acupunturista, Docente e Preceptor da Residência em Fisioterapia Neuro-Funcional - UNIFRAN, Diretor do Curso de especialização em Acupuntura IDES e Presidente da Regional SP da SOBRAFISA
Resumo: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um dos maiores problemas de saúde pública e a terceira causa de morte em todo mundo. Os sobreviventes, em geral, apresentam seqüelas motoras e incapacitação funcional. Técnicas fisioterapêuticas podem ser empregadas na reabilitação, sendo que diversos pontos de acupuntura possuem indicações para disfunções motoras. Este estudo teve como objetivo avaliar a resposta motora produzida através do equipamento de acupuntura eletromagnética Hai-Hua, em pacientes com seqüelas motoras de AVC. Participaram deste procedimento 3 sujeitos, com seqüelas crônicas entre 3 e 10 anos, que não mais respondiam ao tratamento fisioterapêutico convencional. Dois pacientes receberam 30 minutes de estimulação diária, durante 8 semanas. O outro paciente recebeu 3 semanas de estimulação eletromagnética, 3 semanas de estimulação FES e mais 3 semanas de estimulação eletromagnética. Para compararmos as respostas produzidas pelos dois procedimentos. Os pontos utilizados foram IG15, IG11 e TA15. A avaliação aconteceu na primeira sessão e posteriormente semana a semana. Para quantificarmos o ganho motor, foi realizada uma goniometria ativa de três tentativas para os movimentos de flexão e abdução de ombro e extensão de punho e cotovelo. Os dados foram submetidos a uma analise de variância de uma via (ANOVA), a diferença entre as semanas foi evidenciada polo teste Student-Newman-Keuls. As 8 semanas ininterruptas geraram um aumento estatisticamente significativo para extensão do punho (F7,23: F19,11; P<0,05), extensão do cotovelo (F7,23: FI0,97; P<0,05), abdução do ombro (F7,23: F21,27; P<0,05) o flexão do ombro (F7,23: F9,45; P<0,05). Para a estimulação eletromagnética intercalada com FES, o ganho motor se deu a partir da 8º semana de tratamento para flexão do ombro (F8,26: F9,52; P<0,05), na 3º semana e interrompida até a 6º (período de estimulação FES) para extensão do punho (P8,26: F I8,69; P<0,05) a não significativa para abdução do ombro. Nossos dados sugerem que a acupuntura eletromagnética HAI-HUA foi efetiva para aumentar a função motora nestes pacientes que não mais respondiam ao tratamento convencional. A associação FES com HAI-HUA gerou efeitos inferiores aos apresentados pela estimulação exclusivamente eletromagnética.
Palavras Chave: AVC, função motora, acupuntura, eletromagnetismo, Hai-Hua
(*Autor responsável pela correspondência: endereço - Pç. Boaventura Ferreira da Rosa, 384, Jd. Sumaré, Ribeirão Preto-SP, Cep: 14025-450. E-mail: araujoje@ipescerme.com.br)
INTRODUÇÃO
Dentre as muitas patologias que acometem o Sistema Nervoso Central (SNC) o Acidente Vascular Cerebral (AVC) c a que apresenta maiores índices de morbidade e mortalidade, sendo um dos problemas mais significativos para os serviços de saúde de diversos países [1]. A definição de AVC pela Organização Mundial de Saúde e "um sinal clinico de rápido desenvolvimento de perturbação focal da função cerebral, de suposta origem vascular e com mais de 24 horas de duração" [2]. Ele é considerado a terceira maior causa de morte nos países desenvolvidos, depois das doenças cardiovasculares e do câncer, além de ser uma das maiores causas de seqüelas permanentes que geram incapacidade e afastamento do trabalho [3]. A incidência anual do AVC nos Estados Unidos a de aproximadamente 500 mil, com um total de mais de 3 milhões de sobreviventes na metade da década passada [4]. Em 1993, a estimativa do custo anual com AVC's foi de 30 bilhões de Dólares, os quais 17 bilhões de Dólares foram diretamente ou indiretamente gastos devido à diminuição da produtividade relacionada ao afastamento de sujeitos Iesados [3].
No Brasil, apesar dos poucos estudos estatísticos disponíveis, existem dados sugerindo que as doenças cérebro-vasculares estejam entre as maiores causas de mortalidade [5]. As taxas de mortalidade são elevadas situando-se entre as mais altas do mundo. Os custos médicos com hospitalização aumentaram no país, tendo sido, em três anos, de 24% entre os 20-29 anos, reduzindo-se em cada grupo de idade até 2,9% a partir dos 80 anos. Mesmo com maiores custos hospitalares na faixa entre 20-59 anos, os anos produtivos de vida perdidos precocemente apontam para o elevado custo social da doença [6].
Sendo assim, a sua alta incidência e o seu alto custo fazem da redução do AVC uma prioridade nacional e salienta a necessidade de métodos mais exatos para identificar nos pacientes os prognósticos e as formas terapêuticas adequadas para a reabilitação.
Os déficits neurológicos focais que resultam de um AVC, seja embólico, trombótico e/ ou hemorrágico, e um reflexo do tamanho e localização da Iesão e da quantidade de fluxo sangüíneo colateral. Os déficits neurológicos agudos apresentados pôr esses pacientes incluem a hemiparesia, ataxia, deficiências visuo-perceptivas, afasia, disartria, deficiências sensoriais e mnésicas e problemas com o controle vesícula [7].
Dentre os distúrbios do movimento encontrados, a hemiplegia ou hemiparesia a um dos sinais clínicos mais óbvios da doença. Embora o local e o tamanho da lesão vascular cerebral inicialmente determine o grau de função motora, a presença concomitante de comprometimento sensorial soma-se ao problema de disfunção motora. Esses pacientes geralmente apresentam perda da força muscular, destreza e coordenação [8]. Em adição ao déficit motor, há freqüentemente exacerbação dos reflexos tendíneos e aumento da velocidade-dependente dos reflexos tônicos e fásicos de estiramento (isto e, espasticidade) [9]. A velocidade com a qual esses padrões de função muscular retornam é ditada pelo local e gravidade da lesão e, ainda, pelo enfoque do processo de reabilitação [10].
Após o AVC, a perda da função do membro superior (MS) c uma das mais comuns a desafiantes seqüelas, sendo limitante para a autonomia do paciente em atividades da vida diária e, ainda, podendo levar a permanente incapacidade [11]. Para encorajar a recuperação da função do MS, fisioterapeutas aplicam diferentes abordagens de tratamento, como técnicas tradicionais de Brunnstrom [12], a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF) [13], terapias de neurodesenvolvimento (Bubath) [14] e Estimulação Elétrica(ES) [15]. Mais recentemente temos visto o surgimento das técnicas de treinamento com suspensão parcial de peso [16], terapias de biofeedback [17] e a utilização do uso-forçado do membro parético [18, 19, 20, 21].
A acupuntura a um sistema terapêutico complexo usado na China a mais de 5000 anos [22]. Na ultima década tem sido uma das formas terapêuticas mais difundidas no ocidente, sendo utilizada para o tratamento das mais variadas disfunções, e principalmente, para as disfunções crônicas não responsavas as formas terapêuticas tradicionais [23,24]. Seus efeitos terapêuticos locais são relacionados aos pontos cutâneos de acupuntura e os produzidos a distância ao sistema de meridianos [25].
A estimulação de pontos específicos de acupuntura pode modificar a ativação cerebral [26,27]. Exemplos são as técnicas de crânio-acupuntura [28] e estimulação do ponto VG20[29] , que são eficazes para perda da consciência, distúrbios do equilíbrio, distúrbios motores, fotofobias, entre outros.
Estes efeitos podem ser produzidos pela estimulação manual ou elétrica das agulhas de acupuntura [30]. Mais recentemente, surgiram os aparelhos de estimulação eletromagnética, que dispensam o uso de agulhas pela estimulação direta dos pontos cutâneos de acupuntura.

OBJETIV0
Este estudo teve como objetivo avaliar a resposta motora, produzida através da estimulação de pontos de acupuntura no membro superior com o equipamento de acupuntura eletromagnética Hai-Hua, em pacientes com seqüelas motoras crônicas de AVC não mais respondentes ao tratamento de fisioterapia convencional. Ainda, verificar a interação terapêutica entre a corrente eletromagnética e a corrente FES.
MATERIAIS E MÉTODOS
SUJEITOS
Participaram deste estudo, três pacientes com hemiparesia decorrente de AVC (um homem e duas mulheres), pertencentes ao setor de Neurologia da clínica-escola da Universidade de Franca-UNIFRAN, com idade-média de 53,33 ± 8,02. Todos os pacientes apresentam seqüelas crônicas com tempo médio de lesão de 72 meses 143,26. Dois pacientes exibiam hemiparesia à esquerda e um paciente à direita. Todos os pacientes receberam fisioterapia intensa, iniciada desde a face aguda / subaguda variando de 96 a 144 horas por ano desde o início da lesão.
MENSURAÇÕES
Para quantificarmos o ganho motor, foi realizada a aferição goniométrica ativa de três tentativas para movimentos de flexão e abdução de ombro e extensão punho e cotovelo. Para esta medida, foi utilizado um aparelho de goniometria, marca Carci Ind. e. Com. de Apar. Cirúr. e Horto. Ltda., para mensurar os valores de movimentação ativa das articulações. A avaliação acorreu na primeira sessão e posteriormente semana a semana.
PROCEDIMENTO
Dois pacientes receberam diariamente 30 minutos estimulação eletromagnética HAI HUA durante 8 semanas. 0 outro paciente recebeu 3 semanas de estimulação eletromagnética HAI HUA, 3 semanas de estimulação FES (aparelho Quineis KW Industria Nacional de Tecnologia Eletrônica) e mais 3 semanas de estimulação eletromagnética HAI HUA, para a comparação das respostas produzidas pelos dois procedimentos. Os pontos de acupuntura utilizados foram o IG15, 11eTAl5.
ANÁLISE ESTASTÍSTICA
Os dados foram avaliados individualmente para cada paciente, comparando a primeira avaliação (controle) com a avaliação de cada semana seguinte (teste). Os dados foram submetidos a uma análise de variância uma via (ANOVA), quando se verificou diferença entre as semanas de tratamento, esta foi evidenciada pelo to posta hock de Student-Newman-Keuls.
RESULTADOS
A partir de uma aferição goniométrica ativa em três tentativas, em cada semana, foi obtida a media individual de cada paciente. Os dados foram listados nas tabelas 1, 2 e 3.


Tabela 1: Médias dos dados goniométricos do 1º paciente que recebeu apenas estimulação eletromagnética HAI HUA. * <0,05 em relação à 1ª semana, # em relação à 2ª, + em relação à 3ª semana e & a todas as semanas de tratamento.


Tabela 2: Médias dos dados goniométricos do 2º paciente que recebeu estimulação eletromagnética HAI HUA. * <0,05 em relação à 1ª semana, # em relação à 2ª e + em relação a 3ª semana de tratamento.


Tabela 3: Médias dos dados goniométricos do 3" paciente que recebeu estimulação eletromagnética HAI HUA na 1ª, 2ª e 3ª semanas. FES na 4ª, 5ª e 6ª semanas e novamente estimulação eletromagnética HAI HUA nas demais semanas. * <0,05 em relação à 1ª semana. # em relação à 2ª, * em relação à 3ª semana e & a todas as semanas de tratamento.
O paciente 1 apresentou um aumento estatisticamente significativo nos valores goniométricos para flexão de ombro, em relação à avaliação inicial, a partir da 3ª semana de tratamento e este aumento continuou acontecendo semana a semana até o final do procedimento. Entretanto, os aumentos verificados na 4ª, 7ª e 8ª semanas se mostraram estatisticamente significativos quando comparados aos valores obtidos na 2ª semana de procedimento. E ainda, os valores da 4ª e a 8ª semana de tratamento são significativas, até mesmo, quando comparados com os valores da 3ª semana (F7,23: F9,40; P<0,05). A aferição goniométrica, para o movimento de abdução de ombro, apontou um aumento estatisticamente significativo a partir da 3ª ate a 7ª semana de tratamento, quando a comparação foi a avaliação inicial e a 2ª semana. A partir da 7ª semana de tratamento a significância estatística pode ser verificada em relação a 3ª semana de tratamento. Os valores da semana, apresentam significância aos de todas as outras semanas de estimulação (F7,23: F21,29; P<0,05). Já para a extensão do punho, obtivemos um aumento estatisticamente significativo nos valores da 7ª (em relação a avaliação inicial e semana) e da 8ª semana de tratamento (em relação a avaliação inicial, 2ª,3ª e 5ª semana de tratamento) (F7,23: F5,14; P<0,05).
O paciente 2, no item extensão de punho, a partir da 3ª semana de tratamento apresentou um aumento estatisticamente significativo em relação as 1ª a 2ª semanas (F7,23: F19,11; P<0,05). Para a extensão de cotovelo, o aumento aconteceu a partir da 2ª até a 6ª semana de tratamento, quando a comparação foi realizada com a avaliação inicial. Já os valores das semanas 7 e 8 apresentaram significância estatística tanto para as comparações com a avaliação inicial quanto com a 3ª semana de tratamento (F7,23: F10,97; P<0,05).
O paciente 3, apresentou na aferição goniométrica um aumento estatisticamente significativo, para flexão de ombro, somente a partir da 8ª (em relação a avaliação inicial e 2ª semana) e 9ª (em relação a todas as semanas) semana de tratamento (F8,2: F9,52; P<0,05). A aferição goniométrica do movimento de abdução do ombro não revelou nenhuma alteração estatisticamente significativa (F8,2: F2,27; P<0,05). Já a avaliação dos valores da extensão do punho, demonstrou um aumento estatisticamente significativo para a 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, e 7ª semana de tratamento (em relação a avaliação inicial e a 2ª semana). A 8ª (em relação a avaliação inicial, e 6ª semanas) a 9ª (em relação a avaliação inicial, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª semana) semanas apresentaram significância estatística.

DISCUSSÃO
Em geral, as propostas fisioterapêuticas utilizadas para a reabilitação de lesões neuroniais, consistem em cinésioterapia e estimulação elétrica. Existem diversos métodos cinésioterapêuticos específicos para a reabilitação do paciente neurológico, bem como diversos tipos de correntes elétricas utilizadas com a mesma finalidade [31]. Entretanto, diversos pacientes acabam ainda apresentando no final do tratamento disfunções motoras [11]. Nem sempre as condições para a reabilitação são favoráveis, entre elas podemos apontar a demora para a procura de um serviço de reabilitação, um limitado número de sessões disponibilizadas pelos planos de saúde, a não observância das recomendações feitas pelo profissional Fisioterapeuta. Desta maneira, não é incomum encontrarmos pacientes com seqüelas crônicas de lesões neurológicas.
A estimulação elétrica neuromuscular é um recurso que tem sido utilizado a várias décadas nos protocolos de reabilitação motora. Entretanto, é consenso entre os autores que a resolutividade da estimulação elétrica isolada é muito baixa. Esta ganha uma maior eficácia nos processos de reabilitação quando pareada com técnicas cinésioterapêuticas [32]. Em nosso trabalho, queríamos verificar se esta regra também poderia se aplicar a um equipamento que gerasse corrente eletromagnética associada a corrente elétrica.
Os resultados obtidos, com os pacientes estudados, não vão ao encontro dos resultados encontrados para a estimulação elétrica, já que, conseguimos verificar um aumento na função motora simplesmente com a utilização do equipamento HAI-HUA. Quando utilizamos alternadamente, a corrente eletromagnética com a corrente elétrica, esta passa também a produzir resultados per se. Entretanto, nesta situação os ganhos apresentados por este paciente foram inferiores, ao final do tratamento, do que o apresentado pelos pacientes que receberam apenas a estimulação eletromagnética. Obviamente, nesta proposta terapêutica encontramos complexas interações que dificultam o entendimento das respostas produzidas.
Os eletrodos foram fixados em pontos de acupuntura, o que poderia explicar os resultados apresentados, entretanto, não é incomum a utilização de pontos de acupuntura em propostas de estimulação elétrica já que os mesmos também são pontos motores [33].
O campo magnético é outro fator pouco estudado, sabemos que ele pode produzir um aumento na microcirculação sangüínea em tecidos periféricos [34]. Porém, se este pode produzir um aumento na neurotransmissão nós não temos conhecimento. E ainda, temos a corrente elétrica gerada por este equipamento, que oscila entre 500 e 8000Hz.
Novos estudos serão necessários para podermos apontar por qual mecanismo este tipo de estimulação produziu as respostas verificadas nestes pacientes.

CONCLUSÃO
Nossos dados sugerem que o equipamento de eletroacupuntura HAI-HUA foi efetivo para otimizar a função motora dos pacientes que participaram deste estudo, e que não mais respondiam ao tratamento convencional. A associação da estimulação eletromagnética com a corrente FES, gerou efeitos inferiores aos apresentados pela estimulação exclusivamente eletromagnética.

fonte:http://www.mrma.com.br/tratamento.htm

Obs: temos também esse tratamento no nosso consultório.


contatos: (21) 3471329 e 9734-1107

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